O número de compradores online em Portugal está a crescer acima da média da UE, prevendo-se um crescimento contínuo, de acordo com o Estudo da Economia Digital em Portugal da ACEPI em parceria com a IDC.
A diversidade, qualidade da oferta e a maior familiaridade com a tecnologia estão entre os fatores que contribuíram para este crescimento exponencial do comércio eletrónico no país.
NÚMEROS DO ECOMMERCE EM PORTUGAL
De acordo com a última edição do estudo, o número de portugueses a fazer compras online aumentou de 45% para 52%. Até 2026, a expectativa é que o número venha a crescer para os 72%, que será, ainda assim, inferior aos 84% projetados para a média europeia, no mesmo ano.
Relativamente à percentagem de portugueses que utilizam a internet, esta é de 83%, com tendência a subir para os 94% até 2026. Mesmo apesar de estes valores ainda serem inferiores à média europeia, que se situa nos 90%, o nosso país tem-se vindo a aproximar a um ritmo considerável.
"Vivemos um momento crucial de viragem, onde empresas portuguesas têm no comércio eletrónico uma excelente oportunidade para endereçarem mais facilmente um mercado de proporções incomparáveis, que poderá alterar de forma decisiva o equilíbrio da balança comercial digital a favor de Portugal” Alexandre Nilo Fonseca, presidente da ACEPI.
A tecnologia representa uma forma de diferenciação das empresas, para evoluir e aproveitar novas oportunidades de negócio num contexto de competitividade à escala global. A ACEPI está, por isso, a desenvolver o projeto Norte Digital com o intuito de contribuir para aumentar o nível de digitalização das empresas portuguesas, nomeadamente das PME da região norte. Num projeto piloto com 50 empresas, associação vai percorrer 20 cidades para a realização de um diagnóstico e uma análise benchmark, além de identificar os seus principais marketplaces.
Apesar de nos últimos anos se verificar que os portugueses compram mais em sites estrangeiros, atualmente o comportamento é o inverso. Cerca de 87% das compras online em Portugal são realizadas em websites portugueses. Isto deve-se, em parte, ao impacto da pandemia COVID-19, que levou a um aumento de lojas online no nosso país, elevando a qualidade logística e na entrega de produtos.
AS TENDÊNCIAS DO ECOMMERCE 4.0
Nas últimas décadas muito mudou no comércio eletrónico. O número de utilizadores cresceu de forma exponencial, o acesso via mobile é uma tendência imparável e os hábitos de compra mudaram significativamente. As maiores disrupções nos modelos de negócio tradicionais provocadas pela digitalização centram-se sobretudo na experiência do cliente, que espera uma experiência cada vez mais integrada e consistente em todos os canais ao longo do ciclo de vida de cada compra.
Fonseca explica que “os clientes já fazem cada vez mais showrooming – entrar na loja física e depois comprar online. E o inverso também é verdadeiro, com o webrooming, em que pesquisam online e compram na loja”, mas admite que nos próximos anos é a capacidade de conjugar as duas tendências que vai permitir às lojas captar mais utilizadores e garantir a sua fidelização. A presença crescente em várias plataformas, através de apps e APIs é também uma das tendências a acompanhar. As empresas têm de estar preparadas, contemplando no seu modelo de negócio o online, as redes sociais, os dispositivos móveis e as lojas físicas, que se assumem cada vez mais como showrooms.
Conhecer profundamente o cliente, antecipar necessidades e preferências e impulsionar as melhores recomendações, utilizando sistemas de previsão rigorosos e abrangentes, e retirando partido dos benefícios oferecidos pela big data são obrigatórios para as empresas. Isto traduz-se na necessidade de apostar em plataformas escaláveis e abertas e na presença em múltiplos canais, no momento certo, no local certo, ou seja, uma estratégia optichannel.
“Conteúdo, comércio, comunidade, contexto, personalização e pesquisa vertical serão as palavras chave do ecommerce. Além do novo perfil emergente dos consumidores 4.0, que se irá consolidar de forma mais acentuada, o ecommerce irá também refletir a rápida transformação digital dominada pela cloud, pelo mobile, pela big data e pelas redes sociais que está a ocorrer de forma transversal em toda a economia e onde os aceleradores tecnológicos da inovação, tais como o IoT, a IA, a Realidade Virtual e o Block Chain, têm um papel cada vez mais relevante”, adianta Alexandre Nilo Fonseca.
Os gestores devem eleger como prioridades para o digital as "novas audiências, novas fontes de receita, novos modelos de negócio, desenvolvimento de produtos e serviços centrados nos clientes, CRM, estratégia opticanal, eficiência operacional, novas competências de recursos humanos e talentos, bem como considerar novos canais de distribuição", explica o presidente da ACEPI.